Página:Brasileiras celebres (1862).djvu/195

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roubava também o teto, o lar e o pão, e a família isolada, malquista, aí ficava nua à face do céu, aí vivia sem habitação, aí morria sem alimento!

O medo precedia os infelizes atirados como náufragos da tempestade política a praias inóspitas. Eram os lázaros da inconfidência, cujo contato se temia como se tisnasse a mais pura e cândida reputação. Ante eles se fechavam todas as portas, porque a piedade e a compaixão eram símbolos de cumplicidade no dicionário do governo colonial.

Ainda a sentença não havia impresso o ferrete da infâmia sobre os descendentes dos mártires da independência brasileira e já sobre eles pesava a mão negra e mirrada do destino acerbo que os aguardava!

Descendente das mais notáveis família da capitania de São Paulo, distinguia-se também dona Bárbara Heliodora Guilhermina da Silveira pela sua formosura e pelas suas prendas, e esses dotes, que lhe deram a natureza e a educação, atraíram a atenção, mereceram a simpatia, cativaram o amor do coronel Inácio José de Alvarenga Peixoto.

Era ele poeta como Tomás Antônio Gonzaga e como o cantor da beleza de Vila Rica, celebrou a beleza da vila de São João d'Rei. Dotada de imaginação brilhante, sentindo o estro borbulhar-lhe no cérebro, a jovem donzela retribuía por afeição e folgava com poder pagar-lhe igualmente versos por