versos, e o comércio das musas santificou e engrandeceu aquele amor em que mutuamente se abrasaram.
Bacharel formado em cânones na universidade de Coimbra e despachado ouvidor da comarca do Rio das Mortes, depois de ter servido de juiz de fora de Cintra em Portugal, Inácio José de Alvarenga,2 abandonou a carreira que abraçara com tantos sacrifícios, que tão longas viagens, e tão aturados estudos lhe havia custado; esqueceu-se para sempre do seu ninho natal, esse majestoso Rio de Janeiro com seu céu esplêndido, com sua magnífica baía, suas soberbas montanhas, suas belas florestas, e estabeleceu-se no país cofre dos diamantes e de gemas de ouro.
Não era a sede desses tesouros mas o amor pelas grandes empresas quem o chamava às novas lidas que seguia. Bem depressa se viu senhor das ricas fazendas dos Pinheiros na freguesia de São Antônio do Vale da Piedade e do engenho da Paraupeba de Vila Rica e das terras e águas minerais de Boavista, de Santa Rufina, de Espigões, de São Gonçalo Velho, de Manuel José de Castro, do Campo de Fogo, dos Espigões do Aterrado, do Ourofala, de Santa Luzia, e ainda outras, onde trabalhavam perto de duzentos escravos. E o poeta favorecido da fortuna ofereceu a sua mão, deu o seu nome à jovem que não possuía senão seus dotes naturais.3
Naquelas lidas, naqueles enganos da alma, passaram