Página:Brasileiras celebres (1862).djvu/23

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origem; diziam pertencer a uma grande nação, que se dividiu em muitas tribos a pretexto de domésticas contendas, que tomaram corpo.

Povos guerreiros, tudo entre eles respirava guerra. A tradição dos feitos belicosos passava de velhos a moços, educados mais para as batalhas do que para os pacíficos trabalhos de suas aldeias. Suportando a fome e a sede por dias, marchavam a sitiar os contrários, uns após outros, como um só homem, pisando sobre as mesmas pegadas, certos de que os prisioneiros lhes serviriam de alimento. Traziam gargantilhas dos dentes dos adversários mortos por eles; fabricavam de seus ossos os instrumentos guerreiros, e nos banquetes de carne humana bebiam pelos crânios dos inimigos. Com o arco e as setas nas mãos; com a aljava pendente das espáduas ou empunhando somente a clava pesada; com as cabeças coroadas por penachos de variadas cores, tendo o corpo desfigurado por figuras caprichosas e grotescas, que lhe imprimiam com vernizes, eram medonhos no campo dos combates, eram horríveis nas suas caiçaras. Como antropófagos, inspiravam aos filhos ódio contra os contrários, fatal herança de heroicidade, incitando-os nos festins, após os sacrifícios de sangue, com os cantos de vingança, e animando-os com danças guerreiras em torno ao fogo sagrado. Prezando a liberdade mais do que a vida, afeitos à guerra, não podiam ser submetidos facilmente ao cativeiro, por isso na incerteza do triunfo preferiam