Página:Brasileiras celebres (1862).djvu/28

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Oriente; o Tejo roubara o tridente ao mar Adriático, e o entusiasmo pela navegação redobrava no coração de uma nação, que se engrandecia com os seus descobrimentos.

As desinteligências em que ficaram muitos reis orientais para com os portugueses deviam ser harmonizadas por meio da guerra, e pois nova armada e mais poderosa, porquanto a terra devia estar em armas, e que manifestasse por não duvidosa toda a força do reino lusitano, a fim de poder prosseguir em suas empresas, achou-se em breve sobre as águas do Tejo, prestes a levantar o ferro. Pedro Álvares Cabral, senhor de Azurara e alcaide-mor de Belmonte, foi o escolhido para seu capitão-mor. Segundo os historiadores, tinha ele o cunho, que caracteriza os homens empreendedores, e por isso não desmentiu o conceito, que de suas qualidades se fazia, entregando-lhe uma das mais importantes armadas, que saiu do Tejo, cuja missão gloriosa devia eternizá-lo nas páginas da história de um reino e também nas de um império, que ainda um dia serviria de abrigo à monarquia bragantina!

A partida de Cabral foi honrada com todo o esplendor e pompa de uma festa. “Era”, diz um escritor nacional, “um belo dia de domingo. O sino da catedral batia grave e solene; em suas modulações festivas parecia anunciar de antemão as cenas altamente dramáticas, que dentro em breve se deviam passar além do Atlântico, nas férteis regiões do Novo Mundo. Invocando o auxílio dos céus, reuniu o rei D. Manuel no começado mosteiro de Belém,