Página:Brasileiras celebres (1862).djvu/70

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A tradição narra em tocante episódio a morte de uma indiana que por largo tempo acompanhou a nado a nau, até que sucumbiu entre as ondas, vítima do amor e da saudade.

José de Santa Rita Durão, que comemorou em belíssimo poema as aventuras de Caramuru, revestindo das cores da poesia essas tradições populares, não obstante a História negar a sua veracidade por falta de documentos em que melhor se baseie, assim nos pinta tão pungente quadro:

É fama então que a multidão formosa
Das damas que Diogo pretendiam,
Vendo avançar-se a nau na via undosa,
E que a esperança de o alcançar perdiam;
Entre as ondas com ânsia furiosa
Nadando o esposo pelo mar seguiam,
E nem tanta água que flutua vaga,
O ardor que o peito tem banhado, apaga.

Copiosa multidão da nau francesa
Corre a ver o espetáculo assombrada,
E ignorando a ocasião da estranha empresa
Pasma da turba feminil que nada:
Uma que as mais precede em gentileza
Não vinha menos bela do que irada;
Era Moema, que de inveja geme,
E já vizinha a nau, se apega ao leme.

“Bárbaro, a bela diz, tigre e não homem!...
Porém o tigre, por cruel que brame,
Acha forças no amor, que enfim o domem,
Só a ti não domou por mais que eu te ame: