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LXXII

Punimos o homicídio; quem mutila,
Quem bate ou fere não evite a pena:
A sentença ele a dá. Deve subi-la,
Qual foi a culpa, com justiça plena:
Quem matou morrer deve: assim se estila,
Por lei sagrada, que a eqüidade ordena.
Quem cortou pé ou mão, braço ou cabeça,
No pé, no braço e mão tanto padeça.

LXXIII

A fé do matrimônio bem declara
Que o vago amor a lei ofenderia;
Se se pudera usar sem que um casara,
Quem é que neste mundo casaria?
Deve morrer quem quer que adulterara;
Sem isso quem seu pai conheceria?
E o que extermina a pátria potestade
Quem não vê que repugna a humanidade?

LXXIV

Quem pai ou mãe conhece com incesto,
Ou quem corrompe a irmã, padece a morte:
Nos ofícios dos pais é manifesto
Que confusão nascera desta sorte.
Ser a filha mulher não fora honesto,
Dominando em seu pai como consorte:
Se o irmão no matrimonio à irmã seguira,
Sempre o gênero humano mal se unira.