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LXXXI

Homem foi, de semblante reverendo,
Branco de cor, e, como tu, barbado,
Que desde onde o sol nos vem nascendo,
De um filho de Tupá vinha mandado;
A pé sem afundar (caso estupendo!)
Por esse vasto mar tinha chegado;
E na santa doutrina, que ensinava,
Ao caminho dos céus todos chamava.

LXXXII

Com grande mágoa ignora-se o que disse,
Mas não se ignora que da santa boca
Um conselho utilíssimo se ouvisse
De plantar e moer a mandioca;
Que havia de tornar também predisse,
Desde o céu a que amigo nos convoca,
E na terra ou no céu, que ele estivera,
Eu o iria a encontrar, se ele não viera.

LXXXIII

Contam que, quando aos nossos cá pregava,
Poder mostrara tal nos elementos,
Que às ondas punha lei, se o mar se irava,
E de um aceno só domava os ventos.
Os matos se lhe abriam, quando entrava,
E os tigres feros, a seus pés atentos,
Pareciam ouvir como a outra gente,
Festejando-o coa cauda brandamente.