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VI

Quisera bem falar, mas não acerta,
Por mais que dentro em si fazia estudo.
Ela de um seu suspiro olhou, desperta;
Ele daquele olhar ficou mais mudo.
Levanta-se a donzela mal coberta,
Tomando a rama por modesto escudo;
Pôs-lhe os olhos então, porém tão fera,
Como nunca a Beleza ser pudera.

VII

Voa, não corre pelo denso mato,
A buscar na cabana o seu retiro;
E, indo ele a suspirar, vê que num ato,
Em meio ela fugiu do seu suspiro.
Nem torna o triste a si por longo trato,
Até que, dando à mágoa algum respiro,
Por saber donde habite, ou quem seja ela,
Seguiu, voando, os passos da donzela.

VIII

De Taparica um príncipe possante,
Que domina e dá nome à fértil ilha,
Veio em breve a saber o cego amante
Ter nascido a formosa maravilha.
Pediu-lhe Jararaca, vendo diante,
Ao lado de seus pais, a bela filha.
Convêm todos; mas ela não consente,
Porque a mais aguardava o Céu potente.