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XII

Já pelo salso oceano navega
A franca nau, e o Cabo se divisa
Donde a Europa no oceano ao termo
Tido do antigo nauta por baliza.
A terra ali se vê que o Minho rega,
Correndo a costa da feliz Galiza;
E o rumo então seguido do ocidente
Ao meio-dia se navega ardente.

XIII

Não longe do equador, o mar cortava,
Quando Paraguassu, já Catarina,
Como era seu costume, atenta orava,
Implorando o favor da Mão Divina;
E eis que à vista da turba, que a observava,
Enquanto adora a majestade trina,
Em sono fica suspendida e absorta,
E algum cuida que dorme, outro que é morta.

XIV

Brilha no aspecto um ar do afeto interno;
Mas, em funda abstração com doce calma,
Bem se lhe vê pelo semblante externo
Que ocupa em grande objeto a feliz alma.
Vê-se nela arraiar do lume eterno,
Que no céu goza quem já logra a palma,
Admirável vislumbre, que suspende
E infunde um pio afeto em quem o atende.