Página:Caramuru 1781.djvu/301

Wikisource, a biblioteca livre
XLII

Observou-a Diogo na cabana
Tratada dos Tupis com reverência,
Estimando-a por coisa mais que humana,
Que excedia dos seus a inteligência.
Surprendeu-se da imagem soberana
O lusitano herói; e à competência
Com eles venerando a Mãe Divina
Chama a vê-la a piedosa Catarina.

XLIII

Pôs-lhe os olhos a dama, e transportada:
"Esta é (disse) , é esta a grã-senhora
Que vi no doce sonho arrebatada,
Mais que o sol pura, mais gentil que a aurora!
Eis aqui! esta é a imagem veneranda,
Este era aquele roubo, entendo agora :
Oh minha grande sorte! Oh imensa dita!
Isto me quis dizer a Mãe bendita."
 

XLIV

Dizendo assim, com ânsia fervorosa,
Prostrada, abraça a imagem veneranda;
Beija, aperta-a, de gosto lacrimosa
Mil saudosos ais ao céu lhe manda.
"Aqui vos venho achar, Mãe piedosa,
No meio (disse) desta gente infanda!
Infanda como eu fui, se o vosso lume
Não me emendara o bárbaro costume."