Página:Caramuru 1781.djvu/307

Wikisource, a biblioteca livre
LX

Da antiga Lusitânia o rei potente,
Acompanhando o sol no giro imenso,
Vai rodeando todo o globo ingente,
Desde o aurífero Tago ao China extenso.
Por ele a fé recebe todo o Oriente,
O mouro cede de pavor suspenso,
E Europa admira pelo mar profundo
Que o seu reino menor subjugue um mundo.

LXI

Deste grande monarca é tanto o império,
Que aonde a própria luz não se caminha,
Nos limites extremos do hemisfério,
O lusitano exército caminha.
A África e Ilhas, o Árabe Cimério,
Duas vezes passando a imensa linha,
Possui tantos povos, que a contá-los
São mais que os portugueses seus vassalos.

LXII

Este rei glorioso foi o eleito,
Por providência da eternal bondade,
A fazer do Brasil um povo aceito
E digno de a gozar na eternidade.
Pudera desta gente o forte peito,
Tendo na Ásia opulenta imensidade,
Estes nossos sertões trocar incultos
Por nações ricas e terrenos cultos.