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III

"Oh! mil vezes (dizia) afortunados
Os que entregues à fúria do elemento
Acabaram seus dias sossegados,
Nem viram tanta dor, como experimento!
Que estavam finalmente a mim guardados
Este espanto, este horror, este tormento!
Que escapei (Santos Céus!) desse mar vasto
Para a feras servir de horrível pasto!

IV

E hei de agora (infeliz!) ver fraco e inerme
Que dos meus vá fazer um pasto horrendo
Essa patrulha vil, que agora enferme!
Que me veja sem força em febre ardendo!
Ah! Se pudera em meu vigor já ver-me!
Que ardor sinto em meu peito de ir rompendo
E turba vil fazendo em mil pedaços,
Truncar pescoços, mãos, cabeças, braços!

V

Não pode (é certo) a débil natureza;
Porém que esperas mais, mísero Diogo?
Que pode resultar da forte empresa?
Será mal morrer já, se há de ser logo?
Faltam-me as forças; sim, sinto a fraqueza;
Mas o espírito o supre e neste afogo
Tira forças ocultas da nossa alma,
Que ela não mostra ter, vivendo em calma.