verdade social, não tendo de lhe apresentar as sombras tristes, exclue dos seus vastos quadros tudo o que na vida é duro, brutal, feio, máu, estupido — as fórmas varias da baixeza humana.
Escrevia para uma sociedade rica, nobre, litteraria, requintada — e mostra-lhe um mundo d’ouro e crystal, girando n’uma bella harmonia, batido de uma luz côr de rosa...
Tenho insistido n’este lado não real dos livros de Lord Beaconsfield. Todavia, um homem d’estes, antigo dandy, critico, estadista, habituado a governar, observador por necessidade, não podia deixar de ter accumulado uma grande experiencia dos caracteres e da sociedade; e essa experiencia deveria necessariamente transparecer nas suas pinturas da vida. E lá está com effeito. Por entre as suas grandes creações symbolicas, de indisciplinada imaginação (Tancredo, Lothair, Sibyl) move-se todo um mundo real, de uma vida exacta e forte, figuras de carne, postas de pé com um singular vigor de desenho e côr. São os seus personagens secundarios, os seus politicos, os seus intrigantes, os seus homens de lettras, as suas mulheres da moda, os seus lords elegantes. Todos estes typos fôram copiados do natural. Londres conhecia-os, dava-lhes logo os