insalubre, Alexandria visitava-se á pressa, ao trote de uma tipoia, e depressa se apagava da memoria, apenas o comboio do Cairo deixava a estação, e se ausentavam, entre as primeiras culturas do Delta, ao longo dos canaes, as filas de ibis brancos, os mais velhos habitantes do Egypto, outr’ora deuses, ainda hoje aves sagradas...
Todavia, tal qual era, Alexandria, com a sua bahia atulhada de paquetes, de navios mercantes e de navios de guerra; com os seus cáes cheios de fardos e de gritaria, os seus grandes hoteis, as suas bandeiras fluctuando sobre os consulados, os seus enormes armazens, os seus centenares de tipoias descobertas, os seus mil cafés-concertos e os seus mil lupanares; com as suas ruas, onde os soldados egypcios, de fardeta de linho branco, davam o braço á marujada de Marselha e de Liverpool, onde as filas de camelos, conduzidos por um beduino de lança ao hombro, embaraçavam a passagem dos tramways americanos, onde os sheiks, de turbante verde, trotando no seu burro branco, se cruzavam com as caleches francezas dos negociantes, governadas por cocheiros de libré — Alexandria realizava o mais completo typo que o mundo possuia de uma cidade levantina, e não fazia má figura, sob o seu céo azul ferrete, como a capital commercial do Egypto e uma Liverpool do Mediterraneo.