Isto era assim, ha cinco ou seis semanas. Hoje, á hora em que escrevo, Alexandria é apenas um immenso montão de ruinas.
Do bairro europeu, da famosa praça dos Consules, dos hoteis, dos bancos, do escriptorios, das companhias, dos cafés-lupanares, resta apenas um confuso entulho sobre o solo, e aqui e além uma parede enegrecida que se vae alluindo.
Pela quarta vez na historia, Alexandria deixou de existir.
Tratando-se do Egypto, terra das antigas maldições, póde-se pensar, em presença de tal catastrophe, que passou por alli a colera de Jehovah — uma d’essas coleras de que ainda estremecem as paginas da Biblia, quando o Deus unico, vendo uma cidade cobrir-se da negra crosta do peccado, corria de entre as nuvens a cicatrizal-a pelo fogo, como uma chaga viva da Terra. Mas d’esta vez não foi Jehovah. Foi simplesmente o almirante inglez Sir Beauchamp Seymour, em nome da Inglaterra, e usando com vagar e methodo, por ordens do governo liberal do Sr. Gladstone, os seus canhões de oitenta toneladas.
Seria talvez deshonesto, de certo seria desproporcionado, o juntar aos nomes dos homens fortes que n’estes ultimos dous mil annos se têm arremessado sobre Alexandria e a têm deixado em ruinas, — aos nomes de Caracalla, o pagão, de Cyrillo, o