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Página:Cartas de Inglaterra (Eça de Queirós, 1905).djvu/156

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CARTAS DE INGLATERRA
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ao usurario europeu. Cousa estupenda! A Europa apresentava-se officialmente como credora, e, para se fazer embolsar, fornecia secretamente o agiota!...

Mas o ponto delicado das reformas de Arabi era quando tocavam com a situação dos estrangeiros no Egypto. Havia ahi pretenções monstruosas. Arabi exigia que se abolisse o privilegio pelo qual os estrangeiros estabelecidos no Egypto e enriquecendo no Egypto não pagam imposto. O desalmado queria que não houvesse esses tribunaes de excepção para os estrangeiros, que, sob o nome de tribunaes mixtos, distribuem duas justiças — uma de mel para o europeu, outra de fel para o arabe. Emfim, esse homem fatal pretendia que os empregos publicos não fossem dados exclusivamente a estrangeiros — e que se não pagassem annualmente, como se pagavam, mais de trez mil contos de bom dinheiro egypcio, a francezes, inglezes e italianos repoltreados em sinecuras em todas as repartições do valle do Nilo, e quasi todos tão uteis ao estado como aquelle inglez que, com uma carta de recommendação de Lord Palmerston, foi nomeado coronel do exercito egypcio e ao fim de nove annos, depois de ter recebido perto de oitenta contos de soldos, ainda não tinha visto o seu regimento e ainda mesmo não tinha uniforme!

Taes eram, em resumo, as abominaveis idéas de