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CARTAS DE INGLATERRA

feitio, as suissas e a sobrecasaca de lord Palmerston! A expansão do inglez para o Oriente, seu objectivo imperial, seria toleravel, mesmo aos nervos de um artista — se elle se contentasse em levar para lá os seus tecidos, as suas machinas, os seus telegraphos, os seus railways, deixando depois que essas raças usassem esse colossal material de civilisação em se desenvolverem no sentido do seu genio e do seu temperamento. Que por todos os modos se forneça á santa cidade de Hydrabad gazometros e illuminação — mas, por Deus! que se não mettam á força bicos de gaz dentro dos seus templos, se isso offende os seus ritos e repugna ao seu gosto! Que a India, por exemplo, seja coberta de caminhos de ferro, fornecidos pelos industriaes de Northumberland e pagos pelo indio — excellente! Mas ao menos que as aldêas onde elles passam, essas aldêas que os mesmos inglezes descrevem como pequenos paraizos de paz, de trabalhos simples, de costumes doces, de frugalidade, de frescura, de belleza moral, não sejam tornadas tão tristes como as tristes parochias de Yorkshire, introduzindo-se logo lá o policeman, o deposito de cerveja, a capella protestante de tijolo, o livreiro de Biblias, o vendedor de gin, a fumaraça de uma fabrica, a prostituição e a workhouse!...

Mas deixemos isto. É facil maldizer da Inglaterra.