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CARTAS DE INGLATERRA

posso transcrevel-as tambem porque ellas enchem, no Times, vasto como é, mais espaço que o proprio Brazil occupa no territorio da America do Sul. Esse artigo excitou o interesse e os commentarios da Pall-Mall Gazette e de outros jornaes, e ahi se rompeu a fallar do Brazil com sympathia, com curiosidade, com essas admirações ingenuas pela sua rutilante flora, esse pasmo quasi assustado pela sua vastidão, que decerto tiveram nossos avós, quando o bom Pedro Alvares Cabral, largando a procurar o Preste João, voltou com a rara nova das terras entrevistas do Brazil...

Devendo mostrar-lhes a opinião presente da Inglaterra sobre o Brazil, d’esses artigos floridos, escolho o do Times, annotando e glosando o trabalho do seu enviado. (É d’este modo respeitoso que se deve fallar sempre de um correspondente do Times).

Começa, pois, o grande jornal da City por dizer — «que a descripção do vasto Imperio do Brazil com que foi fechada a serie das cartas sobre o continente americano, deve ter feito transbordar o sentimento de admiração pelo explendor, etc...» Seguem-se aqui naturalmente vinte linhas de extasi. É, em prosa, a aria do 4.º acto da Africana: Vasco da Gama, de olhos humidos e coração suspenso no enlevo de tanta flôr prodigiosa, de tão raros cantos d’aves raras...