Em Inglaterra existe uma verdadeira litteratura para creanças, que tem os seus classicos e os seus inovadores, um movimento e um mercado, editores e genios — em nada inferior á nossa litteratura de homens sisudos. Aqui, apenas o bébé começa a soletrar, possue logo os seus livros especiaes: são obras adoraveis, que não contém mais de dez ou doze paginas, intercaladas de estampas, impressas em typo enorme, e de um raro gosto de edição. Ordinariamente o assumpto é uma historia, em seis ou sete phrases, e decerto menos complicada e dramatica que O Conde de Monte-Christo ou Nana; mas emfim tem os seus personagens, o seu enredo, a sua moral e a sua catastrophe.
Tal é, para dar um exemplo, a lamentavel tragedia dos Tres velhos sabios de Chester: eram muitos velhos e muito sabios; e para discutirem cousas da sua sabedoria, metteram-se dentro de uma barrica, mas um pastor que vinha a correr atráz de uma ovelha, deu um encontrão ao tonel, e ficaram de pernas ao ar os tres velhos sabios de Chester!
Como estas ha milhares: a Cavallgada de João Gilpin é uma obra de genio.
Depois, quando o bébé chega aos seus oito ou nove annos, proporciona-se-lhe outra litteratura. Os sabios, a barrica, os trambulhões, já o não interessariam; vêm então as historias de viagens, de caçadas,