Página:Cartas de amor ao cavaleiro de Chamilly.pdf/117

Wikisource, a biblioteca livre
PREFÁCIO BIOGRÁFICO
91

(D. Francisco) na Tôrre da Cabeça Sêca, perto de 4 anos ; e, depois, em virtude dêste Memorial, a terceira instância que se lhe concedeu e outras diligências, estando mais 3 anos prêso, se lhe comutou o degrêdo da Índia para o Brasil, como consta da sua carta declamatória ao príncipe D. Teodósio. [1]

A morte que se fez foi a um Francisco Cardoso, criado do conde de Vila Nova, D. Gregório ; foram enforcados três homens por ela, e um que entregou o morto aos homicidas foi condenado a galés.

Item: dizem que a má vontade com que el-rei D. João IV se mostrou nesta dependência de D. Francisco, procedera de se encontrar com êle uma noite em a porta do pátio das Colunas que está nas casas contíguas ao Limoeiro, em que morava então a condessa de Vila Nova, (senhora de muito bem fazer a quem lho pedia) e porque tinha dado ponto, senha e hora, uma noite, a D. Francisco Manuel, e deu a mesma em tudo a el-rei, que também era opositor, não sabendo um do outro, pretendendo subir a escada ambos ao mesmo tempo, e não querendo ceder qualquer dêles, vieram à contenda das espadas, brigando igualmente com esfôrço, e ventura ; cansados, suspenderam a contenda, e, acudindo gente, se retiraram


    Nova foi em 1643, depois do duelo : «Sucedeu depois a morte de Francisco Cardoso, criado da Condessa…»

    Era então D. Branca da Silveira, a 2.ª espôsa do Conde de Vila Nova, que faleceu em 3 de Abril de 1649 (diz a Advertência : a sua lhe sobreveiu a ela daí a pouco tempo).

    Infelizmente Camilo não tendo notado estas circunstâncias, entregou-se às cegas ao êrro dos linhagistas Cabedo de Vasconcelos e Monís Castelo-Branco.

  1. Está impressa no volume intitulado Aula Política, Curia militar, Epistola declamatória, etc., de D. Francisco Manuel de Melo, desde pag. 109 até 132.