Si quizessemos fechar hoje o balanço do anno que expira, contariamos difficilmente meia duzia de trabalhos dignos de figurarem na bibliographia nacional. Entretanto, este anno a messe foi abundante, registraram-se algumas estréas promissoras, novos e intelligentes editores vieram com o seu nobre esforço iniciar uma época de enthusiasmo, infelizmente passageiro, de que resultaram de um lado algumas obras notáveis, e doutro lado muitas obrinhas de merecimento duvidoso.
A nova geração continua a fazer litteratura por simples dilettantismo, sem ideal definido e civilisador, reproduzindo ás mais das vezes, em estylo pobre e defeituoso, autores estrangeiros, cujos livros têm, para nós indigenas desta zona americana, o valor inestimável de fabulosas pedrarías, ainda mesmo que nada valham na verdade.
Não se estuda, não se trabalha, não se lê quasi, vive-se da producção estrangeira, no meio de uma apathia e de uma indifferença lamentáveis.
Morto José de Alencar e desfechado o golpe definitivo nas escolas decadentes, esperavamos que a litteratura nacional — cujo organismo apresentava symptomas de sangue novo — entrasse num periodo de elaboração paciente e conscienciosa.
A desillusão, porém, foi completa. Com José de Alencar morria o romance brazileiro, que elle creara cheio de zelo pelas cousas do seu paiz. Macedo estava exhausto, e o povo já se não contentava com as novellas sentimentaes do autor da Moreninha.