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Página:Collecção de autores portuguezes (Tomos I-IV).djvu/231

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IV.

Vivi; pois Deos me guardava
Para este logar e hora!
Depois de tanto, senhora,
Ver-te e fallar-te outra vez;
Rever-me em teo rosto amigo,
Pensar em quanto hei perdido,
E este pranto dolorido
Deixar correr a teos pés.

V.

Mas que tens? Não me conheces?
De mim afastas teo rosto?
Pois tanto pôde o desgosto
Transformar o rosto meo?
Sei a afflicção quanto póde,
Sei quanto ella desfigura,
E eu não vivi na ventura....
Olha-me bem, que sou eu!

VI.

Nemhuma voz me diriges!...
Julgas-te acaso offendida?
Déste-me amor, e a vida
Que m’a darias — bem sei;
Mas lembrem-te aquelles feros
Corações, que se metterão
Entre nós, e se vencerão,
Mal sabes quanto lutei!

VII.

Oh! se lutei!... mas devera
Expôr-te em publica praça,
Como um alvo á populaça,
Um alvo aos dicterios seos!
Devera, podia acaso
Tal sacrificio acceitar-te
Para no cabo pagar-te,
Meos dias unindo aos teos?