dos acontecimentos. Deliberei porem mudar de plano, e abri a scena com o principio da acção.
Tinha eu escripto toda a primeira parte, que era logo publicada em folhetins; e contava aproveitar na segunda o primitivo fragmento; mas quando o procuro, dou pela falta.
Sabidas as contas, Leonel[1] que era então o encarregado da revista semanal, Livro do domingo, como elle a intitulou; achando-se um sabbado em branco pediu-me alguma coisa com que encher o rodapé da folha. Occupado com outros assumptos, deixei que buscasse entre os meus borrões. No dia seguinte lograva elle aos leitores dando-lhes em vez da habitual palestra, um conto. Era este o meu principio de romance ao qual elle tinha posto, com uma linha de reticencias e duas de prosa, um desses subitos desenlaces que fazem o effeito de uma guilhotina litteraria.
Fatigado do trabalho da vespera, urgido pelas occupações do dia, em constantes tribulações, nem sempre podia eu passar os olhos por toda a folha.
Nesse domingo não li a revista, cujo teor já me era conhecido, pois sahira-me da pasta.
Imagine, como fiquei, em meio de um romance,
- ↑ Conselheiro Leonel de Alencar, hoje Barão de Alencar.