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cuja continuação o leitor já conhecia oito dias antes. Que fazer? Arrancar do Livro do domingo, as paginas já publicadas? Podia-o fazer; pois o folhetinista não as dera como suas, e deixara entrever o author; mas fôra matar a illusão.

D'ahi veiu o abandono desse romancete, apezar dos pedidos que surgiam á espaços, instando pela conclusão. Só tres annos depois, quando meu amigo e hoje meu cunhado Dr. Joaquim Bento de Souza Andrade, quiz publicar uma segunda edição de Cinco Minutos, escrevi eu o final da Viuvinha, que faz parte do mesmo volume.

O desgosto que me obrigou a truncar o segundo romance, levou-me o pensamento para um terceiro, porem este já de maior folego. Foi o Guarany, que escrevi dia por dia para o folhetim do Diario, entre os mezes de fevereiro e abril de 1857, si bem me recordo.

No meio das labutações do jornalismo, oberado não somente com a redacção de uma folha diaria, mas com a administração da empreza, desempenhei-me da tarefa que me impuzera, e cujo alcance eu não medira ao começar a publicação, apenas com os dois primeiros capitulos escriptos.

Meu tempo dividia-se desta forma. Accordava por assim dizer na meza do trabalho; e escrevia o resto do capitulo começado no dia antecedente