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2.ª Carta.
Tendo ElRei noticia do Interdicto posto nessa
cidade e seus suburbios, pelo Arcebispo Primaz,
e sendo ao mesmo tempo informado de que V. Ex.ª,
juntamente com o seu provisor do bispado foram
os principaes motores daquelle desacertado procedimento;
esteve quasi resolvido a expulsar a V. Ex.ª
da administração Episcopal desse bispado. Mas como
este castigo havia patentear ao mesmo tempo o
desacerto do snr. metropolitano em não atinar com
o castigo que V. Ex.ª como seu sufraganeo havia
merecido; suspendeu ElRei a sua resolução, e ficou
V. Ex.ª livre do perigo, que o ameaçava. Mas
como qualquer publica, e atrevida desobediencia
de um bispo ao seu metropolitano da sua provincia,
concorrendo a circumstancia de involver grande
prejuizo dos povos, merece publico e exemplar
castigo, dado pelo Soberano, de quem lodos
são subditos; o esta de V. Ex.ª ao snr. arcebispo offendeu
também ao irmão d'ElRei, o que V. Ex.ª
não ignorava; nestas ponderosas circumstancias me
manda o mesmo Snr. participar a V. Ex.ª, que
com este seu errado procedimento deu a conhecer,
que não aproveitou o tempo em que foi educado na
humilde ordem serafica; porque o orgulho com que
V. Ex.ª se portou tem feito lembrar, que nunca
foi bom frade, que é reprehensivel bispo, e muito
máo vassallo. Que cuide V. Ex.ª logo logo pedir
perdão a ElRei por carta do seu punho, assignada
pelo deão, e dignidades do cabido; c ao Snr.
arcebispo por um edital publico nessa cidade, declarando
nelle, que procedera inadvertidamente em
consequencia de falsas informações: reconhecendo