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IV
A ROMANZEIRA DO MACACO

Era uma vez um macaco que estava emcima de uma oliveira a comer uma romã; succedeu que caiu um grão da romã para a terra em que estava a oliveira e passado pouco tempo nasceu uma romanzeira. Quando o macaco viu a romanzeira nascida, foi-se ter com o dono da oliveira e disse-lhe: — «Arranca a tua oliveira para crescer a minha romanzeira. «Responde o homem: — «Não estou para isso.» Foi-se o macaco ter com a justiça e disse-lhe: — «Justiça, prende o homem para que arranque a oliveira, para crescer a minha romanzeira.» Responde a justiça: — «Não estou para isso.» Foi-se o macaco ter com o rei e disse-lhe: — «Rei, tira a vara á justiça, para ella prender o homem, para elle arrancar a oliveira, para crescer a minha romanzeira.» Responde o rei: — «Não estou para isso.» Foi o macaco ter com a rainha: — «Rainha, poê-te mal com o rei, para elle tirar a vara á justiça, etc.» Responde a rainha: — «Não estou para isso.» Foi-se ter com o rato: — «Rato, roe as fraldas á rainha para ella se pôr de mal com o rei, etc. «Responde o rato: — «Não estou para isso.» Foi-se ter com o gato: — «Ó gato come o rato, para elle roer as fraldas á rainha, etc. «Responde o gato: — «Não estou para isso.» Foi-se ter com o cão: — «Ó cão morde o gato, para elle comer o rato, etc. «Responde o cão: — «Não estou para isso.» Foi ao pao e disse-lhe: — «Pao, bate no cão, para o cão morder o gato, etc.» — «Não estou para isso.» Foi ter com o lume: — «Lume, queima o pao, para elle bater no cão, etc.» — «Não estou para isso.» Foi ter com a agua: — «Ó agua, apaga o lume para elle queimar o pao, etc.» — «Não estou pa-