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n’elles a alma «na livre expansão da sua illimitada sinceridade e de todas as forças affectivas que possue». São dedicados pelo auctor a sua esposa, «o amparo dos seus desanimos, o jubilo dos seus dias prazenteiros».

A nota dominante do livro é toda de tristeza e de melancolia. Através de suas paginas percebe-se a saudade, a dôr, o desespero, o horror a tudo quanto não é puro, a tudo aquillo que resulta da falsidade, da mentira, do convencional. Collocado em meio das florestas virgens do Amazonas, vivendo a vida simples dos habitantes d’aquellas paragens encantadoras, que outra impressão poderia beber o auctor em tão suggestiva situação, senão a impressão do bom, do justo, do sentimental?

D’ahi a naturalidade com que o livro foi escripto, sem grandes arreganhos de fórma, embora n’um ou n’outro periodo a gente fique a suppôr que Marques de Carvalho pende para o falso nephelibatismo. Indubitavelmente a naturalidade é uma das primeiras qualidades do escriptor, sendo que os livros que mais successo causam, são justamente aquelles em que o estylo, sempre correcto, sempre bello, não ultrapassa as raias do espontaneo, do natural, para caír no ridiculo das adjectivações estrambolicas, retumbantes e malsonantes.

Lê-se com prazer os onze contos concebidos «entre as nymphéas, na região dos nenuphares e da Victoria Régia».