unidos, no tabaco, o pollegar e o index, e mal acabava de absorver a pitada pela narina direita, tamburinando voluptuosamente com os restantes dedos na esquerda, quando lhe surgiu á porta um rapaz bem trajado e modesto, que figurava ter quando muito dezeseis annos.
— Creio que fallo ao snr. Francisco Cerqueira?
— É verdade.
— Cheguei hoje de Portugal e trago-lhe esta carta.
E o rapaz desabotoando o fraque, tirou do bolso uma carta que entregou respeitosamente ao negociante.
Olhou attento para a lettra do sobrescripto e sorriu-se; um bom sorriso beatifico e dourado de mocidade que lhe illuminou o semblante.
Depois abriu a carta, desdobrou-a e collocando-a ante o rosto começou a lêl-a devagar, como que saboreando cada palavra e cada phrase. Ás vezes parava, e como um namorado que espreita por cima d’um muro, erguia os olhos acima do papel e examinava attentamente o rapaz, que se conservava de olhos baixos, direito e tranquillo.
Chegando ao fim da carta, voltava de novo a lêl-a. Era como que um conversar com aquellas letras que vinham de longe e que lhe traziam um pouco de perfume das larangeiras do paiz natal, e um tudo nada das lagrimas de sua mãe.