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Página:Contos em verso.djvu/115

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NÃO SEI
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Quanta canceira! quanto trabalho!
Não está cançada, meu bem? — Não sei. —

Depois de andarmos quasi uma hora,
A que parasses eu te obriguei.
— Que matta virgem! Onde é que mora?
Não está cançada? Diga! — Não sei. —

— Pois descancemos. — Ella sentou-se
Sobre umas folhas, e eu me sentei.
— Que fresca aragem! que aragem doce!
Dá-me um beijinho... dá-me? — Não sei. —

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Depois de te possuir, outro vocabulo
Dos labios arrancar-te em vão tentei:
Sempre as mesmas, estupidas, monotonas,
Aquellas duas syllabas — «Não sei»! —

Lembrei-me então que tu («horresco referens»)
Eras idiota... e que eu... Oh, céos! que horror!...
Affastei-me de ti nervoso e pallido...
Tive remorsos de meu triste amor!

Alguns mezes depois, passei num bonde
Pela rua do Conde,
E ti vi á janella de um sobrado
De aspecto duvidoso.
Fiquei muito intrigado
E muito curioso.

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