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ROGERIO BRITO
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E em nenhum acertou. Morria á fome,
Si acaso não possuisse oitenta apolices,
E só contasse co’a litteratura
Para as ordens satisfazer do estomago.
Para a vida aguentar acerba e dura.

Escreveu com vagar alguns capitulos
De um romance chamado Amor maldito
Mas no meio estacou, e, com desanimo,
Destruiu tudo quanto havia escripto.

Os elementos reuniu, solicito,
Para um grande poema, uma obra prima,
Cujo assumpto seria a nossa Patria;
Escolhendo por metro a oitava rima,
Quiz por modelo a fórma dos Luziadas;
Mas, falhando-lhe os versos e as idéas,
Nunca mais quiz saber de poemas épicos.

Seu nome em todas as polyanthéas
Appareceu, firmando artigos frivolos,
Cuja inserção quasi a chorar pedia.
Rogerio Brito em toda a parte lia-se;
Entretanto, ninguem o conhecia.
Nem uma citação, ligeira e rapida,
Faziam delle os outros literatos...
Ninguem lhe dava a minima importancia...
Publico inepto! multidão de ingratos!...

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