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CONTOS CARIOCAS


Lugubre, horrenda phantasia morbida,
Terrivel sonho de cabeça enferma,
Rua tão triste, tão sem luz, tão erma
Enche de povo gárrulo!

Elle janotas viu, numerosissimos,
Nos botequins e nas confeitarias,
E mulheres formosas e vadias
Nos armarinhos cupidos!

Que movimento! parecia um sabbado!
Saltavam rolhas e tiniam copos!
E illuminava aquelle fervet opus
Um bello sol mirifico!

Os transeuntes acotovelavam-se,
Vendo passar quem tanto tinha escripto,
E diziam: — Lá vae Rogerio Brito,
O autor das Nuvens pallidas...

Literatos, artistas e politicos
O chapéo lhe tiravam, respeitosos.
Femineos olhos, meigos e formosos,
Contemplavam-no languidos!

Do Castellões á porta um poeta celebre,
Vendo-o na rua, reverente acode,
E elle dois dedos rapido sacode,
E passa magestatico.

Parece um general — que digo? — um principe,
Passando uma revista aos seus vassallos,