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Página:Contos em verso.djvu/127

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IMBROBUS AMOR...
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E’ uma fatalidade! O fado nosso
Não depende de nós; aquella eu amo,
E outra, seja qual fôr, amar não posso!
Insulta-a! Não reclamo!
Dize contra ella o mal que bem quizeres;
Mas ha milhões, bilhões de outras mulheres
E não posso outra amar sinão aquella,
Que não é boa e nem siquer é bella!

Tanto amor teve, enfim, a recompensa:
A mulata, depois de percorrida
Uma carreira immensa
Que não podia ser menos abjecta,
Condoeu-se do poeta.

Hoje comem os dois á mesma mesa,
Hoje dormem os dois na mesma cama,
Não sei si ella é feliz, mas com certeza
Elle o é, porque a ama,
E a f’licidade nada mais precisa.

Por uma coincidencia, a poetiza
Casou-se com o caixeiro
De seccos e molhados,
Que da mulata o amor logrou primeiro;
E creiam todos que são bem casados.

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