Página:Contos em verso.djvu/128

Wikisource, a biblioteca livre
MORTOS E VIVOS
 

Fernando Veiga era casado, e amava
Sinceramente a sua esposa, um anjo
Que Deus, ao que parece, cobiçava,
Porque um dia a levou. Que triste dia!
Inda agora ao lembral-o me confranjo,
E trinta annos passaram-se! — Maria
— Ella assim se chamava —
Morreu com dezenove primaveras;
Era bondosa, meiga,
E formosa devéras.

O meu Fernando Veiga
Tinha vinte e seis annos. Quiz a sorte
Interrompesse a morte
Tanta ventura ao cabo de dez mezes,
Maria quantas vezes,
Co’uma expressão gaiata,
Dizia: — Amor não mata;
Si matasse, eu morria...
Entretanto, Maria
Morreu de amor, isto é, morreu de parto.