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Página:Contos em verso.djvu/143

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FABRICIO
125


Abriu Fabricio palpebras tamanhas,
Que saltarem-lhe os olhos parecia.
— Um filho de outra, que a senhora cria...
Filho destas entranhas!
— Pois a senhora teve um filho? — Tive!
— E o pae?... Oh! Que te importa? Já não vive.
— Estranho que a senhora... — Por que estranhas?
Por que me olhas assim? De que te espantas?
Não me fizeste tantas
E não me abandonaste?
De que querias que eu vivesse, traste?
Precisava de alguem que me valesse...
Do teu desdem o resultado é esse! —
E apontou para a linda criancinha. —

Fabricio nada respondeu; não tinha
Que responder; apenas
Derramou novas lagrimas serenas.

VII

Viveu tres annos mais. Foi um modelo
De bom comportamento.
Para pagar o bello tratamento
Que lhe dava a mulher, fez-se doceiro.
Fazia gosto vel-o
Andar acima e abaixo
Batendo os ovos, vigiando o tacho