SOROR MARTHA
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Noivo que morto julgára,
Morto que nunca esquecêra!
Já muitos annos havia
— Annos de funda saudade! —
Que a monja da Piedade
O cavalheiro não via.
A commoção tão violenta
A sua razão mesquinha
— Pobre monja! pobresinha! —
Em vão resistir intenta.
Successivas gargalhadas
Soror Martha despedia;
Desorientada, dizia
Mil coisas desencontradas!
E pela medonha brecha
Passou a linda cabeça
E todo o corpo... A abbadessa
Rapida cahiu qual frecha!
Trinta annos tinha a suicida;
Divídira-lh’os a sorte:
— Quinze na morte sem morte,
Quinze na vida sem vida.
1879.
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