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Página:Contos em verso.djvu/196

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CONTOS BRASILEIROS


Que uma affeição purissima lhe tinha;
Mas, depois de formado,
(Sim, porque o moço conseguiu a béca),
Daquelle duetto se sentiu cançado
E fez coisas da bréca,
— Tantas e taes, que Castro Motta, o sogro,
Observando o mallogro
Da ventura da filha amada, um dia
Não quiz que ella nem mais uma semana
Vivesse em companhia
Daquelle doudejana,
Que a deixava ficar sósinha em casa
Dias e noites, nem perdia vasa
De se exhibir escandalosamente,
Com mulheres perdidas, nos logares
Onde havia mais gente,
Sem dares nem tomares.
Carregou-a dali. — Pois satisfeito
(Podeis acreditar) ficou Abrantes
Quando, ao entrar, com passos vacillantes,
No seu quarto, lá pela madrugada,
Achou vasio o leito
Onde a esposa devia estar deitada,
E sobre o travesseiro
Um papel em que havia este letreiro:
«Vou para casa de meu pae.» Mais nada.
O medico, durante alguns instantes,
Pensou em Margarida...
— Fugiu? Melhor! E’ tão desenxabida! —
Era um patife Tolentino Abrantes.