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A TOALHA DE CRIVO
211


V
 

Lá vae um anno, leitores.
Na matriz branca, e modesta,
Realisa-se a grande festa
Da Santa Virgem das Dores.

De petalas recamada,
Por baixo da Eucharistia,
Vê-se a toalha de Maria,
Rija de tão engommada.

Não chega p’r’as encommendas
O parocho attencioso,
Que a todos mostra, garboso,
O trabalhado das rendas.

Bimbalha o sino festivo.
Com um olhar doce e magoado,
A Virgem, do altar doirado,
Envolve a toalha de crivo.

Entra na egreja a viuvinha,
E vem com ella a parteira,
Que traz, muito prazenteira,
Ao collo uma criancinha.

Ao seu encontro, apressado,
Vae o padre sorridente.