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O SÁ
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Grande «planista» de primeira classe,
Tudo o Sá tinha sido;
Não houve profissão que não tentasse,
Sem haver em nenhuma se mantido.
Afinal — tudo cança! — encontrou rumo,
E assentou no logar, que lhe foi dado,
De fiscal do consummo,
Graças a um deputado,
Seu companheiro antigo,
Que por milagre inda era seu amigo.

N’uma província aonde o levára a sorte,
Já não sei si do sul ou si do norte,
O Sá gostára de uma pequerrucha
Que, apezar de gorducha,
Não deixava de ter seus attractivos.
Olhos travessos, petulantes, vivos,
E magnificos dentes.
— Não são precisos mais ingredientes
Para alimento de uma paixãosinha,
E esses a nossa provinciana os tinha.

Ella perdera ambos os paes; morava
Em casa da madrinha
Que com olhos de mãe a vigiava,
— Tanto que Sá tentou, como um demonio,
Possuir a pequena
Sem a preliminar do matrimonio
Que, a dar-lhe ouvidos, não valia a pena;
Mas a madrinha, vigilante hyena,