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CONTOS MARANHENSES


Quando todos á mesa se assentaram,
Elle e ella ficaram
Ao lado um do outro... por casualidade,
E durante tres horas, pois tres horas
Levou comendo toda aquella gente,
Entre as phrases mais ternas e sonoras
Juraram pertencer-se mutuamente.

Quando na mesa havia só destroços,
Cascas, espinhas, ossos e caroços,
E o café fumegante
Circulou, — nesse instante,
Eram noivos Ponciano e Gabriella.

— Como, perguntou ella,
Nos poderemos escrever? Não vejo
Que o possamos fazer, e o meu desejo
E’ ter noticias tuas diariamente.
Respondeu elle: — Muito facilmente:
Quando á casa teu pae volta á noitinha
Traz comsigo o Diario, por fortuna;
Escreverei com lettra miudinha,
Na ultima columna,
Alguma coisa que ninguem ler possa
Quando não esteja prevenido. — Bravo!
Que bella idéa e que ventura a nossa!
Porém si esse conchavo
Serve para me dar noticias tuas,
Não te dará, meu bem, noticias minhas. —
Mas não esteve com uma nem com duas
O namorado, e disse: