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Página:Contos em verso.djvu/41

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O CHAPÉO
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— Temos um meio. — Qual? Não adivinhas?
Teu pae usa chapéo... — Sim... que tolice! —
— Ouve o resto e verás que a idéa é boa:
Um pedacinho de papel á toa
Tu metterás por baixo da carneira
Do chapéo de teu pae; dessa maneira
Me escreverás todos os dias... uteis.

Oh, precauções inuteis!
Durante um anno inteiro
O pae ludibriado
Serviu de inconsciente mensageiro
Aos amores da filha e do empregado
— Até que um dia (tudo é transitorio,
Até mesmo os chapéos) o negociante
Entrou de chapéo novo no escriptorio.

Ponciano ficou febricitante!
Como saber qual era o chapeleiro
Em cujas mãos ficára o chapéo velho?
Muito inquieto, o bregeiro
Ao espirito em vão pediu conselho;
Dispunha-se, matreiro,
A sahir pelas ruas, indagando
De chapeleiro em chapeleiro, quando
O chapeleiro appareceu!... Trazia
O papelinho que encontrado havia!
Atinára com tudo o impertinente
E indignado dizia:
— Sou pae de filhas!... venho promptamente