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Página:Contos em verso.djvu/75

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SEM BOTAS
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Ficou ali parado,
Emquanto ella seguia o seu caminho
E entrava num sobrado.
A carta não tardou. Dizia a bella
Que jámais faltaria
Ao seu dever por uma phantasia;
Que o pobre Lopes se esquecesse della;
Si, entretanto, quizesse
Mandar-lhe uma resposta, que o fizesse
Para a posta-restante.

Foi a correspondencia por diante,
E, á terceira missiva,
Já se mostrava a dama compassiva,
Promettendo que, logo que pudesse,
Uma entrevista ao Lopes marcaria.
E cumpriu a promessa um bello dia:
«Não posso mais! Si és homem que se afoite,
Pódes vir sexta-feira, á meia-noite.
Fica á porta da rua
Uma criada á tua
Espera. Meu marido
Aqui estará, porém... adormecido.
Vê a quanto me exponho
Para tornar verdade um bello sonho!»

Achou o Lopes no posto a medianeira,
Uma velha mulata. Esta lhe disse,
Guardando, agradecida, algumas notas,
Que a escada não subisse