— Estou chrysalida; vou reapparecer borboleta, disse Gomes sentando-se.
— Temos poesia... Guarda debaixo, Vasconcellos...
O novo personagem, o Gomes tão desejado e tão escondido, representava ter cerca de trinta annos. Elle, Vasconcellos e Baptista erão a trindade do prazer e da dissipação, ligada por uma indissoluvel amizade. Quando Gomes, cerca de um mez antes, deixou de apparecer nos circulos do costume, todos reparárão n’isso, mas só Vasconcellos e Baptista sentírão devéras. Todavia, não insistírão muito em arrancal-o á solidão, sómente pela consideração de que talvez houvesse n’isso algum interesse do rapaz.
Gomes foi portanto recebido como um filho prodigo.
— Mas onde te metteste? que é isso de chrysalida e de borboleta? Cuidas que eu sou do mangue?
— É o que lhes digo, meus amigos. Estou creando azas.
— Azas! disse Baptista suffocando uma risada.
— Só se são azas de gavião para cahir...
— Não, estou fallando serio.
E com effeito Gomes apresentava um ar serio e convencido.
Vasconcellos e Baptista olhárão um para o outro.