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Página:Contos fluminenses.djvu/58

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de romances; ahi lêra a verdade que lhe acabava de dizer.

— Mas se me ama, observou Mendonça sentindo entrar-lhe n’alma um mundo de esperanças, se me ama, por que recusa o meu coração?

— O diario explica isso mesmo; eu lhe digo. Margarida foi infeliz no casamento; o marido teve unicamente em vista gozar da riqueza d’ella; Margarida adquirio a certeza de que nunca será amada por si, mas pelos cabedaes que possue; atribue o seu amor á cobiça. Está convencido?

Mendonça começou a protestar.

— É inutil, disse D. Antonia, eu creio na sinceridade do seu affecto; já de ha muito percebi isso mesmo; mas como convencer um coração desconfiado?

— Não sei.

— Nem eu, disse a velha, mas para isso é que eu vim cá; peço-lhe que veja se póde fazer com que a minha Margarida torne a ser feliz, se lhe influe a crença no amor que lhe tem.

— Acho que é impossivel…

Mendonça lembrou-se de contar a D. Antonia a scena da vespera; mas arrependeu-se a tempo.

D. Antonia sahio pouco depois.

A situação de Mendonça, ao passo que se tornára mais clara, estava mais difficil que d’antes. Era pos-