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CONTOS PARA A INFANCIA
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A mãe. — É que é primeiro polido e preparado de certo modo, e depois já se não chama ferro, é aço.

A filha. — Bem, as agulhas são de aço. Agora quero adivinhar como é que as fazem.

A mãe. — É impossivel, não és capaz d'isso; mas hei de levar-te a uma fabrica onde se fazem agulhas. Has de vel-as fazer, e has de gostar muito.

A filha. — Tinha vontade de saber como se fazem todas as coisas de que nos servimos.

A mãe. — Tens razão; é uma vergonha ignoral-o.

A filha. — Mamã, deixe-me ver as suas agulhas.

A mãe. — Olha, ahi tens o meu estojo.

A filha. — Meu Deus! Que pequeninas algumas! Que lindas! São tão fininhas, tão fininhas!... Muita habilidade ha de ser necessaria para fazer uma coisinha tão delicada!

A mãe. — Lembras-te de ver na feira um carrinho de marfim puxado por uma pulga, presa por uma cadeia de oiro?

A filha. — Lembro, mamã; era tão bonito!

A mãe. — Li n'um jornal allemão que um operario chamado Nerlinger fez um copo de um grão de pimenta, e que dentro d'este copo havia mais doze...

A filha. — Que pequeninos deviam ser os doze copos para caberem n'um grão de pimenta!

A mãe. — E ainda não é tudo; cada um d'esses copinhos tinha as bordas doiradas, e sustentava-se no pé.

A filha. — Que vontade eu tinha de ver isso!

A mãe. — Tens razão de te admirares da habilidade dos homens. É effectivamente espantoso, e