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Página:Contos para a infancia.djvu/76

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CONTOS PARA A INFANCIA
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das. Um dia que o intendente atravessava a floresta, ia tão absorvido pelos seus pensamentos orgulhosos, que se precipitou elle mesmo dentro d'uma das covas.

Passado um instante, caiu um leão dentro do mesmo poço; caiu depois um lobo e em seguida uma enorme serpente, de aspecto horroroso. O governador, ao ver-se em tão extraordinaria companhia, ficou tão horrorisado, que lhe embranqueceram os cabellos; e toda a esperança de salvação lhe parecia inteiramente perdida, porque por mais que gritasse, ninguem o vinha soccorrer.

Esqueceu-nos dizer que havia na cidade um homem extremamente pobre, chamado Antonio, que todos os dias ia rachar lenha à floresta, para ganhar o pão necessario á sua mulher e aos seus filhos. Antonio tambem lá foi n'esse dia, como de costume, e poz-se a trabalhar não longe da cova em que caíra o intendente, cujos gritos d'afflicção não tardou a ouvir. O pobre rachador aproximou-se e perguntou, quem era que estava ali.

— «Sou o governador do palacio do rei, e, se me tirares d'aqui, prometto encher-te de riquezas; estou em companhia d'um leão, d'um lobo e d'uma enorme serpente.»

— «Eu, respondeu o lenhador, sou um miseravel jornaleiro, não tendo para sustentar a minha familia, mais que o producto do meu trabalho; bastava um dia perdido para me causar um grande desarranjo; vê lá pois, se cumpres a tua promessa?

O intendente continuou:

— «Pela fé que devo a Deus e a el-rei nosso