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Página:Da Asia de João de Barros e de Diogo de Couto v01.djvu/24

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Prologo.

ſi meſma tem huma virtude generativa, que quando Divinamente são diſpoſtas, ainda que periguem em ſua corrupção, eſſa meſma Natureza as torna renovar em novo ſer, com que ficam vivas, e conſervadas em ſua propria eſpecie. E as outras couſas, que não são obras da Natureza, mas feitos, e actos humanos, eſtas porque não tinham virtude animada de gerar outras ſemelhantes a ſi, e por a brevidade da vida do homem, acabavam com ſeu author: os meſmos homens por conſervar ſeu nome em a memoria dellas, buſcáram hum Divino artificio, que repreſentaſſe em futuro o que elles obravam em preſente. O qual artificio, pero que a invenção delle ſe dê a diverſos Authores, mais parece per Deos inſpirado, que inventado per algum humano entendimento. E que bem como lhe aprouve, que mediante o padar, lingua, dentes, e beiços, hum reſpiro de ar movido dos bofes, cauſado de huma potencia, a que os Latinos chamam affa-

tus,