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DA FRANÇA AO JAPÃO

Existe em Hong-Kong duas casas bancarias inglezas e uma franceza, filial ao Comptoir d'Escompte de Paris, as quaes, fazem lucrativas transacções com o commercio chinez não só d’esta cidade como com o do interior.

Em frente aos bancos inglezes, proximo á entrada e dentro de um gradil de ferro, vêm-se os contadores chins que se occupão em verificar as piastras de prata, dadas em pagamento ao banco. Com extrema habilidade e rapidamente, estes individuos fazem soar cada moeda por sua vez, e para isso lanção-n'as ao ar e em seguida as recebem sobre uma outra que conservão na palma de uma das mãos. Pelo som produzido, julgão, sem repetir a prova, da qualidade da prata, tendo o cuidado de separarem não sómente as moedas falsas como as que, por qualquer motivo, pareção depreciadas em seu justo valor.

Disse-nos um empregado do banco inglez de Hong-Kong, que, em quanto um empregado europeo verifica dez mil piastras, um chinez, com pratica de alguns dias, não só verifica, como conta e ensacca este mesmo numero de moedas.

Os chins são bons empregados de escripta e intelligentes correctores para compras e vendas das mercancias orientaes, e, em taes empregos, são bem remunerados pelos negociantes europeos, e salvo os japonezes, que, em geral, os excedem em probidade, nenhum outro povo da Asia é mais apto para o commercio.

Uma outra qualidade avantaja o negociante japonez sobre o chinez, é a sobriedade em certos vicios, o que não era de esperar de homens que entregão-se ao opio, em busca de estupidas emoções e lascivos sonhos.

Assim, ao anoitecer, é contristador vêr-se, nas lojas de venda chinezas, o chefe da casa e mesmo seus empregados, embriagados e abatidos, completamente distrahidos do que fazem, respondendo por monossyllabos ao que se lhes pergunta, apenas occupados com seus compridos cachimbos, e em empestar o ambiente com o fumo do maldito extracto de dormideiras.