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DA FRANÇA AO JAPÃO
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inconveniente d’esse systema que sempre nos conduz a apostasia politica; foi, quando por occasião da sua primeira visita á Marselha, como alto funccionario do estado, vio fecharem-se todas as portas á sua passagem. Entretanto, Thiers achava-se revestido com o poder da autoridade, dispunha do cofre das graças; porém, os Marselhezes, independentes e livres, quizerão que, o historiador da revolução de 89, se lembrasse das promessas de toda sua vida.

Thiers confessou, por mais de uma vez, a amarga impressão que lhe causou esta fria recepção, e mais tarde quando heróe conquistou os testemunhos de respeito e de admiração de todos os francezes, quando este ancião mostrou ao mundo admirado o prestigio do seu nome, valendo mais que os exercitos predominantes da Allemanha; os seus concidadãos orgulharão-se de possuil-o como modelo de virtudes civicas. Então, a sua presença na cidade de Marselha, pouco tempo antes de seu fallecimento, embriagou o povo, pela alegria immoderada do caracter meridional.

E estes factos, que nos parece, á primeira vista, de nenhum interesse, quando queremos julgar das virtudes do um povo, são, ao contrario, indicações preciosas sobre a direcção dada á opinião, pela sua moralidade; são estes movimentos expontaneos e desinteressados provas infalliveis com que poudemos ajuizar do estado moral de qualquer corpo collectivo.

Esta sociedade altiva e generosa não podia habitar uma cidade mal edificada e despida das bellezas que ornão suas irmãs. De feito, Marselha contém bellos monumentos e outras edificações de uma architectura imponente, taes como sejão: — o seu Hotel de Ville, o seu Theatro, o Arco do Triumpho e outros muitos edifícios publicos ou particulares, que tornão elegantes e importantes as grandes arterias da cidade.

A seus pés prostrão-se, calmas, as cerúleas vagas do Mediterraneo; uma corôa do granito cinge-lhe a fronte, e o extenso valle, que a rodea, limita-lhe os dominios.

A antiga cidade grega, que a tradicção nos descreve,