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DA FRANÇA AO JAPÃO
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pagode, e depois de uma ascensão difficil, em que, ora arrastavamo-nos sobre as costas, ora faziamo-nos suspender pelo nosso guia, chegamos ao terrasso do templo e d'ahi gosamos da immensa perspectiva que apresenta a cidade de Yedo.

No centro da vasta area edificada, eleva-se o palacio Imperial, em japonez Siro; em roda e occupando uma larga circumferencia, estendem-se os quarteirões dos principes, ou Soto-Siro, finalmente segue-se o Midzi, que abrange mais da metade de Yedo, e que é a parte da cidade occupada pelo commercio e pelas classes menos favorecidas de fortuna.

Todos estes quarteirões ficão na margem direita do Ohogawa ou Grande Rio; na margem opposta encontra-se o Hondjo ou grande arrebalde, onde se achão alguns armazens do Estado e diversos templos.

Em um destes templos, que visitamos em companhia de um jovem japonez, e que pertence a seita dos Sintoistas ou da religião dos avós, vimos um grande numero de bonzos, sacerdotes deste culto. É verdade que ahi se adorão trinta e algumas mil divindades, o que nos dá idéa do pantheismo do Japão, e contão, que muitas vezes, quando os negocios particulares de um japonez, não correm como elle desejara, é motivo sufficiente para mudar sem o menor escrupulo de religião.

Vemos agora, que conhecemos um pouco os costumes e usos dos japonezes, que o christianismo, por sua essencia monotheista, não podia encontrar o apoio das grandes e converter todo este povo pagão.

É, sobre todas, a religião dos Kamis, tambem chamada Sinto, de um caracter todo patriotico, a que mais se oppõe a propaganda christã.

Os sintoistas reconhecem um Ser Supremo porém que é auxiliado em seus trabalhos, na direcção do Universo, por outros deoses, cuja residencia elles fixão nos astros; estes são os deoses naturaes; segue-se immediatamente depois os deoses historicos que tomão o titulo de Kami.

Elles não adorão o Ser Supremo porque julgão-se tão pe-