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DA FRANÇA AO JAPÃO

queninos que não esperão ser attendidos em suas supplicas; todo o culto é em honra dos deoses naturaes, e os Kamis são os intermediarios para aquelles que dispoem de um poder absoluto sobre a natureza inteira, podem-lhes fazer o bem ou o mal a seu capricho.

O respeito pelos grandes homens está tão enraizado no coração dos japonezes, que quaesquer que sejão suas crenças, publicamente visitão os templos dos Kamis, e prostão-se diante de suas imagens com toda reverencia, e assim pagão com a gratidão, os serviços prestados á patria pelos antigos imperadores e patriotas que forão considerados deoses historicos.

Os sacerdotes desta religião, salvo raras excepções são verdadeiros hypocritas que vivem a expensas dos credulos e dos fanaticos no meio do luxo e da devassidão.

Assim é, que os bonzos fazem acreditar, que os deoses necessitão de toda sorte de objectos indispensaveis a vida, e os credulos japonezes, depoem sobre os degráos dos templos ao cahir do dia, suas offerendas que em geral consistem em peixe, fructas, gulodices assucaradas, etc., e á noite, os bonzos recolhem todas estas provisões que fossem as delicias do seu paladar e do de suas familias. Comtudo, a parte mais instruida da sociedade japoneza não se deixa illudir deste modo tão ridiculo, apenas contribue com uma certa quota para o custeio e manutenção do culto.

O budhismo é, sem duvida, a seita religiosa que conta maior numero de sectarios.

A primeira estatua de Buddha för introduzida no Japão no anno 559, e no fim de dois seculos as tres quartas parte da população do Imperio professavão esta religião; e foi sobre seus sectarios que o christianismo no XVI seculo levou grande vantagem; infelizmente, como vimos, considerações de outra ordem, comprometterão para com o governo do Japão esta propaganda civilisadora.

Quanto a lei de Confucius, apenas encontra adeptos na classe lettrada deste paiz.